quarta-feira, novembro 29, 2006

Chain-Post

Dou comigo a voltar, pela última vez este ano, a aceitar convites de “chain-post”. A verdade é que não resisto às latidelas simpáticas do Rafeiro Perfumado. Meu caro, digo presente! E aqui vai:

1 - ALTURA:
Depende do momento. Umas vezes chego até à Lua, noutras nem chego a sair do chão...

2 - QUE SAPATOS ESTÁS A USAR?
No pé direito, uns ténis de corrida com sola de borracha sintética.
No pé esquerdo, umas pantufas de pele natural de ovelha.
No fundo, estou pronto para ir dormir rápido.

3 - MEDO?
De um dia não ter receio de nada.

4 - OBJECTIVOS A ALCANÇAR:
Conhecer o tipo que inventou o romantismo de um pequeno almoço na cama...mas disto já falei eu antes...:)

5 - FRASE QUE MAIS USAS NO MESSENGER?
Não chega a ser uma frase...é uma espécie de abreviatura emocional...está na moda chamar-se smiley :)

6 - MELHOR PARTE DO CORPO?
Eu sou mais do tipo que gosta da parte da perna, ao contrário daqueles que preferem o peito. A mim parece-me que o peito é mais seco, fica-se com menos sabor. A perna mantém a textura e a humidade da molhanga...err...o quê? Não era para dizer a parte do frango de que se mais gosta???

7 - PALAVRÕES?
Sim. Muitos, para dentro ou entre amigos. Purgam a fala!

8 - LADO DA CAMA?
Não, obrigado. Sempre achei que dormir em cima é melhor que no lado. E nunca por debaixo, escondido como o tipo da foto do blog da Aninhas..irra...

9 - TOMAS BANHO TODOS OS DIAS?
Sempre...e levo banhadas muitos dias também!:)

10 - GOSTAS DE TOALHAS QUENTES?
Todas menos aquelas que nos dão em restaurantes chineses e nos aviões, húmidas e a ferver.

11 - URSINHOS DE PELÚCIA?
Ursinhos de quê???

12 - ACREDITAS EM TI MESMO?
Digo todos os dias a mim próprio para não acreditar. E consigo convencer-me!:)

13 - DÁS-TE BEM COM OS TEUS PAIS?
Damo-nos bem, até nas discussões. Beijocas para eles!

14 - GOSTAS DE TEMPESTADES?
Desde que não me apanhem a mais de 3 milhas dentro do Atlântico num barco de 35 pés, adoro. Fico hipnotizado de forma infantil com um espectáculo de relâmpagos!

15 - DESPORTO?
Ginástica acrobática quando era puto (em que outra idade nos podemos partir todos a rir?), vela sempre que possa (e não tenho podido), mergulho nas férias (que a água aqui é fria e turva), ski (enquanto houver encostas para descer), squash (quando o meu joelho melhorar)

16 - PASSATEMPOS E HOBBIES?
Não separo as coisas nessas categorias...faço coisas...tipo cenas, tás a ver, ó meu?:)

17 - FOBIAS E MANIAS?
Esta pergunta é um “dejá vu”.
Já agora, sabem o que é o contrário de um “dejá vu”? É um “vujá de”, aquela sensação que se tem quando nunca se viu aquilo que se está a ver.:)

18 - QUANTAS VEZES O TEU NOME JÁ APARECEU NOS JORNAIS?
Se responder literalmente, aposto que já deve ter aparecido uns milhões de vezes. Poucas vezes referindo-se à minha pessoa!:)

19 - CICATRIZES NO CORPO?
Tenho uma na perna de uma emboscada na Guiné, outra no braço de uma queda de páraquedas nos montes do Kosovo, mais uma na nádega por causa da invasão do Iraque...mas essa foi por ter batido no canto da mesa a rir com as provas de “armas de destruição massiva” apresentadas pelo Colin Powell no Conselho das Nações Unidas.

20 - DE QUE TE ARREPENDES DE TER FEITO?
Se calhar, este questionário...vamos a ver.

21 - COR FAVORITA?
Eu tenho apenas uma cor no coração: o Vermelho e Branco!:)

22 - UM LUGAR ONDE NUNCA ESTIVESTE E GOSTAVAS DE IR?
Epá...não tenho teclado nem dedos para escrever a resposta completa...

23 - MANHÃS OU NOITES?
Pela noite dentro e manhã fora!

24 - O QUE TENS NOS BOLSOS?
Um bolso cheio de nada e outro vazio de tudo.

25 - QUE FARIAS SE FOSSES PRIMEIRO-MINISTRO?
Pagava a alguém para responder a isto e vendia sob um título biográfico. E depois ria-me...muito...
(num registo sério, tomava 3 medidas muito simplex: pagamento do IVA com recibo em vez de factura, metia o Estado a pagar a horas aos seus fornecedores, pagava aos trabalhadores apenas 12 meses por ano e acabava com o subsídio de Natal e Férias!)

26 - SE GANHASSES O EUROMILHÕES QUE FARIAS AO DINHEIRO?
Tornava-me um homem santo e concorria a primeiro-ministro! Mas acho que deve ser impossível acumular...:)

27 - SE TE CAÍSSE NAS MÃOS A LÂMPADA DE ALADINO O QUE FARIAS? QUE DESEJOS PEDIRIAS?
Pedia para ganhar o Euromilhões, ser Primeiro-Ministro e arranjar alguém que respondesse a isto por mim.

28 - SE O MUNDO ACABASSE HOJE ÀS 23h59m QUE FARIAS ATÉ LÁ?
Sei o que não faria...isso é uma dica? Fui!

29 - SE TIVESSES UM FILHO SEM SABER COMO, SEM RAZÃO NENHUMA, QUE FARIAS?
A genética não me permite ter filhos. Falta-me uma pernita do segundo X.:)


Como este desafio não vem acompanhado de punição em caso de não se passar a carraça a outros bloggers, vou poupar-vos! É que fica já aqui e nem mexe.

terça-feira, novembro 28, 2006

Pedalando no Tempo (I)


Chamavam-lhe o “Mil à Hora” pela sua azáfama no respirar, no olhar, no fazer. Era um jovem que não tinha tempo a perder. Um tempo que lhe parecia sobejar menos a ele que aos outros. Esse tempo que não era muito. Nunca é. E teima em estar sempre a fugir desse outro tempo que é uma vida.
Ao começar da semana, quando os primeiros raios de alvor pincelavam o céu ruborizados, talvez pelos pecados da noite que passara, o “Mil à Hora” já estava pronto a sair em direcção à vila, na sua bicicleta pasteleira. Tinha sido comprada em segunda mão com os trocos desavindos de dias de poupança com sabor a fome. Dias onde o pós-guerra e um país mirrado e solitário deixavam a lição analfabeta e dura de que a riqueza só se cria poupando. O caminho que rondava o amontoado de casas em que se albergavam uma dúzia de almas dos rigores do tempo, estreitava em direcção ao ribeiro. Tinha a largura suficiente para passar uma junta de bois, mastigada nos extremos com precaução para não cair às águas num dos lados ou entalar o eixo da roda nos ramos baixos das árvores do outro. Era esse o portão de entrada para a aldeia. Ladeado com cabelos de junco e uma textura de casca de árvore morta que se sentiam no restolhar dos pneus que rodavam ao som do pedal. A partir daí eram montes, pedras e pedragulhos, o cheiro da natureza que indiciava a estação do ano. O perfume floral na Primavera, o doce dos arbustos e dos insectos no Verão, a humidade da terra no Outono e o frio cortante, que também se cheira, nos dias de Inverno onde ainda era possível fazer este caminho.
Estes cheiros existiam e duravam de forma lânguida, destoando do fervor do biciclo que rasgava os montes, contando o tempo em pedaladas. Segundo a segundo, como ele o merecia ou parecia merecer. É essa uma das cortesias que a Natureza tem com o Homem. Deixa-o agitar-se freneticamente nas rodas do tempo, sabendo da sua efémera e mortal presença e satisfazendo a sua sede de vida contada em dias, em horas, em segundos. A Natureza fala com o Tempo na sua verdadeira dimensão, numa escala que não existe em palavras humanas. Riem-se ambos com amizade de nós, humanos, exalando cheiros, cores e ruídos. Tudo a seu tempo. Como sempre foi.
(este texto é capaz de ter continuação...)

domingo, novembro 26, 2006

Mário Cesariny (1923-2006)

O fio da vida resolveu quebrar-se.
Morres mas não desapareces. Páras mas não cessas.
Porque deixaste mais que palavras nos ventos do fim de Novembro.
Deixaste o teu ser e alma em forma de língua,
E verbos que faziam sem fazer e adjectivos que qualificavam sem julgar
São coisas que o peso da terra não apaga.

O fio da vida resolveu quebrar-se.
São efémeras as vontades das Parcas.
Seguram-nos para nos derrubar.
Derrubam-nos em lhes apetecendo.
É uma vida parca a que temos
É um tempo longo o que nos sobrevive
É um verbo infinito o que vamos lendo

Há fios que, em sendo quebrados, não se cortam.
Por não haver gume que lhes resista.
Por serem valiosos e feitos de nada.
Por serem além do tempo,
Além da vida,
Além do verbo.

O fio que és continuará e ainda corre

"Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco"*


Para sempre...

Obrigado, Mário Cesariny!

*poema de Mário Cesariny

quinta-feira, novembro 23, 2006

SS Thistlegorm


Começa de madrugada, com o transporte ondulante e o som de garrafas de ar comprimido a saudarem-se em abraços de metal na entrada do barco. É uma azáfama precoce, que nos tenta acordar os sentidos para melhor saborearem o que o dia nos reserva. O deck superior é uma enorme almofada de sono, com lençóis de toalhas de praia que nos enroscam carinhosamente e são armadura para a intensa brisa matinal do Mar Vermelho. Uma brisa que nos vai despedindo Sharm El-Sheik e apresentando uma costa mais larga, rumo a sul.

Há pinceladas de um sol que já se espreguiçou e se levanta de chinelos pelo céu, começando a queimar quem se exponha em descuido nestas latitude. Passadas estas horas de viagem, o cheiro do café e do pequeno almoço na cabina do piso inferior convidam ao repasto matinal. É também sinal que chegámos à entrada do golfo de Suez, esse irmão desavindo de um outro, o de Aqaba. Estes dois golfos enclausuram o Sinai entre águas turquesas, onde a aridez da superfície das montanhas e do deserto contrasta com a vida exuberante das suas profundezas.

Não fossem os outros dois barcos de mergulho que ali estavam fundeados e aqui pareceria ser mais um local igual a todo o resto do mar. No entanto, aquele era o nosso destino. Um destino breve de apenas um dia para nós, um destino eterno para o SS Thistlegorm que ali pereceu no ano de 1941, em agonia, vítima de um avião nazi que regressava à base com bombas em excesso.

Amr, o nosso guia egípcio, mergulha antes de todos para se assegurar que um cabo-guia estaria seguro à balaustrada da carcaça prometida mas ainda invisível. Um a um, fomos entrando em passo de gigante e descendo. A início é apenas o azul. Aquele azul que devora e nos arrasta os olhos, intrigante e sedutor. E depois ele aparece, estendido nas areias, destroçado a um terço da popa, onde o metal lhe permite uma rotação para bombordo. Mais uma vez, entendo porque os ingleses tratam os barcos no feminino. Porque não são corpos másculos, mas sim silhuetas femininas que torneiam as ondas na superfície com a mesma elegância que jazem no fundo. Numa cama de areia. Convidando. Ali estava ela: SS Thistlegorm!

Há sítios onde o tempo se move em caminhos diferentes dos do dia a dia. Aqui é um desses sítios. Imóvel e solene, este destroço de 419 pés de calado (128m) e de 59 pés (18m) de boca, pesando cerca de 5.000 toneladas, abriga vida marítima em danças de peixes à volta do convés. Lá dentro, nos porões, espera-nos uma carga com camiões Bedford, motas BSA, espingardas, obuses, pequenas locomotivas e toda uma panóplia de fornecimentos exigidos para alimentar o monstro da Segunda Guerra Mundial. Circundamos o casco, com maior fervor na direcção proa-popa porque a corrente se faz sentir. Na direcção inversa, dobrando a popa inclinada nestes 30 metros de profundidade e prestando homenagem ao hélice, basta-nos deixar flutuar e viver o cenário.
O interior reserva uma visita à zona de cabinas, sem esquecer o quarto do Comandante. Os corredores. Os porões. O castelo de proa.
E somos peixes. Entendemos porque brincam eles à apanhada entre as escadas e nos convés. Tornamo-nos parte da cena por instantes. E, quando pela ausência de guelras, a reserva da garrafa nos obriga a voltar ao ar puro da superfície, subimos pelo mesmo cabo que antes nos afogou num sorriso descendente. Morremos como criaturas marítimas e regressamos para poder contar como é ser peixe e perceber porque não precisam eles de falar...

terça-feira, novembro 21, 2006

Hamlet da bola

"Algo está podre no Reino da Dinamarca!"...e eu espero que seja o clube de Copenhaga, especialmente no sector defensivo. A ver vamos!
Força, Benfiiiiiica!

PS: E foram 3...agora é ir a Old Trafford mostrar que se podem fazer coisas bonitas sem ter o Cristiano Ronaldo!:)

quarta-feira, novembro 15, 2006

Está escuro, lá fora


Está escuro, lá fora.
Aqui também!

Estão gotas no céu a morrer,
Caíndo
Num suicídio colectivo, sem tino.
São lágrimas de água a escorrer,
Sorrindo
Da suposta ironia do destino.

Está um vento de ar assustado,
Escapando
Da nostalgia insensata e sem sentido.
É fuga invisível de olhar agitado,
Tentando
Salvar ao passado o tempo perdido.

Estão ondas no mar a gritar,
Dançando
Descontentes ao ritmo da maré.
São fantasmas líquidos a espumar,
Assombrando
A alma de quem, com pena, não tem fé.

Está escuro, por ali.
E aqui também!

Por ser, lá fora, um Outono triste e plúmbeo
Por ser, cá dentro, um Inverno longo.

terça-feira, novembro 14, 2006

Tabuadas Manuais


Meus caros, há dias em que me dá para isto. Ouço falar da iliteracia matemática do país, da complicação das contas, das percentagens estimadas das greves... enfim... são números, Senhor. São números!

Por isso, hoje trago uma curiosidade matemática para quem goste. Para quem não goste, vá ali ao balcão beber um mojito, uma cuba libre ou um malte sem gelo...sintam-se à vontade. Estão em casa!

Vamos a isto: A tabuada DO nove pelos dedos (apontem para explicar aos filhos em idade escolar e certifiquem-se que têm 10 dedos nas mãos. Embora com os pés também resulte desde que não seja a pontapé)!

1 - Estiquem os dedos de ambas as mãos (sim, têm de largar o copo para isso).
2 - Agora pensem num número de 1 a 9. (Ex: 4) Não dói!
3 – Contem o número nos vossos dedos da esquerda para a direita.1,2,3,4! (Esquerda é o lado de bombordo, ok?)
4 – No dedo do número, parem e escondam esse dedo. Podem cortar também. Mas é desagradável e dói mais que pensar no Passo 2.
5 – Olhem para as vossas mãos. (Esqueci-me que isto deve ser feito ANTES dos mojitos e tal...)
6 – Nos dedos do lado esquerdo do “escondido” estarão as dezenas (Se fizeram bem, estarão 3 dedos), e no lado direito a unidade (se fizeram bem, estarão 6 dedos).
7 – Agora é pensar outra vez e, como dizia o outro, “é só fazer as contas”: 3 x 10 + 6 = 36

8 - Verificar que 9 x 4 = 36 também...ENA!

E o que é giro é que funciona para os outros números menores que 10 para além do 4, hein?!
Mais giro ainda é provar o porquê disto funcionar...mas isso fica para a próxima, que eu também tenho direito a copos, ou não?

domingo, novembro 12, 2006

Calvin-manias

Demorou, mais por falta de tempo e inspiração do que pela escassez de manias, mas cá vai a resposta ao repto que o Rafeiro Perfumado me lançou. Caro amigo, não sou de virar costas a um latido desses!:)
Regulamento:
"Cada bloguista participante tem de enunciar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue."

Manias
Não gosto de pequenos-almoços na cama! Devo confessar. Tal como todos nós, tenho um sonho. O meu é estar sozinho com o tipo que inventou este mito de que tomar o pequeno-almoço na cama é a coisa mais romântica que se pode ter. E depois trocar umas impressões com ele... Eu e a minha caçadeira de canos cerrados ou mesmo a minha pistola de zegatrões que liquidificam.
Dobrar os pacotes de açúcar do café meticulosamente enquanto penso “na morte da bezerra”. Não o faço de propósito. É tipo pavloviano. Rasgo o papel, despejo e imediatamente as minhas mãos iniciam o ritual de dobrar ao meio, depois aos quartos e tal...internem-me!:)
Ouvir uma determinada música várias vezes seguidas. Daquelas que nos apaixonam. Daquelas que passados uns anos nos vão fazer lembrar aquela época, aqueles momentos. Não me basta ouvir uma ou duas vezes. Ouço e volto a ouvir, saliento os pormenores dos instrumentos, da voz. Serei o único?
Tenho a mania que este ano é que o Benfica vai ganhar o campeonato nacional e a Liga dos Campeões! Mesmo e apesar do Fernando Santos... Temos de guardar a nossa irracionalidade para alguma coisa, não é? Glorioooooso!
Não tenho a certeza, mas ouvi dizer que tenho a mania de corrigir alguns bloggers na sua escrita e tal. Meus amigos, isto é apenas um acto de carinho e não de sobranceria. Carinho por VExas. e pela língua portuguesa que, das centenas que andam pelo mundo, calhou a ser a minha. Podia ser swahíli ou mesmo aquele dialecto cerrado do noroeste da Mongólia, mas calhou ser esta. E, como é minha, gosto dela! Mas sem fundamentalismos...
Os cinco “maníacos” que se seguem, são:

Alice in Wonderland
Belgiumtugadois
Irritadinha Online
Load""
Mundo em que vivemos

Caso não respondam, já sabem que irão sofrer de calvície prematura, pedra nos rins, falta de humor e comichão nas zonas íntimas... não arrisquem! Eu próprio vi uma pessoa que não respondeu a este desafio a coçar-se mais que um grilo a trinar!:)

terça-feira, novembro 07, 2006

A elegância da atitude

Ironias da vida, onde matamos em horas de espera
A aflição pelo tempo que faz falta e passa.
Quando, olhando a rua em movimento,
Procuramos a sensualidade que nos ilude.

Enfeitamos os olhos com um olhar de fera
E vemos passar uma mulher sem graça,
Com uma engraçada T-Shirt, dizendo:

”Elegance is an attitude!”

segunda-feira, novembro 06, 2006

Riscos na Estrada


Passam velozmente, estes traços descontínuos. Aceleramos e eles aceleram connosco. Aumentam a celeridade e fazem-nos acreditar que a sua descontinuidade é aparente. Paramos e eles morrem no seu movimento e mostram-se ainda mais descontínuos. Como se, no fundo, fossem um infinito traço contínuo que se mostra apenas em alta velocidade.

Nós não vemos isso. Apenas as crianças, que são, de todos nós, aqueles que sabem olhar o mundo como ele é, sem filosofias, sem argumentos rebuscados, sabem ver o que os nossos sentidos nos dizem e não o que queremos que eles pensem.

“Pai, mas eles andam para trás. Olha!” – apontando com o seu dedinho sábio e perspicaz.

E eu, que sou um adulto chato e rendido às evidências de séculos de estudos de cinemática, movimentos rectilíneos uniformes e acelerados, penso que a posso ajudar a crescer e digo-lhe que não. Que somos nós que andamos para a frente e não os riscos para trás. Apenas parece que eles andam. Os olhos enganam...e até vou parar o carro para ela ver que eles pararão também. E eles páram. Claro que páram, afinal eles sabem que estamos parados e não vêem razão para andar. “Mas somos nós que andamos, entendes?”

“Não é, não. Pois é? Eu sei que eles andam...” – diz com a evidência de não serem os seus olhos que a enganam, mas sim a minha mente de adulto, que nada sabe da experiência de se ter 3 anos.

É claro que quem se move somos nós. Ou, melhor dizendo, o carro. A estrada está lá. Parada. E nem nos vê a mover. Nem quer.

Que tontice, a das crianças! Acreditar que são os riscos da estrada quem se move...

E, no entanto, com as duas mãos no volante e desistindo de argumentar com a minha filha a realidade dos riscos estarem parados, sigo caminho. Vendo o mundo a andar ao ritmo do meu pé direito e sorrindo contente pelos dias onde ainda era possível serem os riscos a andar para trás! E por ela ainda os poder viver...

sexta-feira, novembro 03, 2006

Auto-tristeza

Triste é estar a alcançar
E não conseguir.
É entender porque se sobe
E só cair.

É bastar a ideia
E não a regra.
É, de tudo, tentar apenas
O que não alegra.

É invadir o sonho fortuito
De almas e tentações e objectivos.
É, querendo agarrar, deixar fugir

O peso pesado que pesa nos vivos.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Aridez de palavras

Há Tempos em que o parto dos nossos pensamentos não faz nascer palavras e, muito menos, escrita...
Estou em Tempos desses, como um período de calmia antes da tempestade!