sexta-feira, outubro 13, 2006

Insónia

Surge na noite longa sem aviso
Esta sensação cómoda de mal estar.
Uma suave gargalhada, pouco mais que um sorriso,
Que me impede de dormir para não ter de acordar.

Mexe-se e revira-se o meu corpo entorpecido
Pelo calor que libertam os lençois da mente.
Rasga-se e morde-se a pele do tecido
Que é a escuridão que para se ver não se sente.

E tanto tempo a pensar, tanta é a ansiedade
Morre a noite num beco,
Nasce de novo a cidade.

E quando acordo da noite que não dormi,
Visto-me e preparo mais um dia.
De tão pouco dormir nem vivi!

E olho nos olhos inchados
Que o espelho me devolve sem pressa
E só vejo os recados
Que ficaram por dar na véspera.

O pior nem é o cansaço que arrasa,
Nem a culpa de me sentir mal.
É saber que ao voltar para casa
A noite vai ser outro dia igual.

1 comentário:

AGRIDOCE disse...

Calvin! Cada momento
É feito para se viver.
Se possível, sem tormento,
Mesmo vendo cada segundo morrer.

Olha o brilho dessa lua
Que à tua mensagem deste voz!
Goza o escuro de cada dia
Torna bom o caminho da insonia,
Como se a noite não fosse tão atroz,
Pois essa noite não é só tua.

Todos a temos e a gozamos,
Cada qual à sua medida.
É por ela que nos matamos,
Nela nos foi dada a vida.

Et voilá!