sábado, outubro 07, 2006

Palavras, leva-as o vento

Que difíceis são as palavras!

Soam, mudas e caladas, a lamento.
Como surdas trovoadas de um mau tempo.
E são farpa e estigma, são estocada.
São verdade ou mentira, são nada.

E são tudo. Quando nem tudo convém.
Quando a voz é o que se pensa
E o que se pensa se diz a ninguém.

São versos, são prosa, são literatura.
São textos de pouca dura.
São frases com pouca sentença.
São ideias sem presença.
São sintomáticas dores da doença
Que ataca, sem licença,
Quem as guarda, quem as ouve,
Quem as viu, quem as não soube,
Quem as não quer, quem as não tem.

Que difíceis são as palavras,
Quando encontram o momento
Em que não se podem calar.
Quando são ditas a tempo,
E o vento não as pode levar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Já estás linkado (não é lixado...).

souvant disse...

Enorme! Tu és o próximo Durão!